domingo, 30 de novembro de 2014

Fórum para a Integração

Biopirataria e Biotecnologia foram os temas da palestra da professora sênior Elci Franco



A professora sênior da UNILA, Elci Terezinha Henz Franco, proferiu palestra, no último dia 12, em mais um evento do Fórum Permanente para a Integração da América Latina e Caribe. A palestra foi realizada na Câmara Municipal de Foz do Iguaçu e teve como tema “Os seres sem fronteiras: biopirataria e biotecnologia”.

Elci iniciou sua fala abordando a relação que existe entre a Floresta Amazônica e o ciclo de chuvas. “A maior função da Floresta Amazônica é a regulação do clima. Nessa função ecológica estão presentes a retenção do carbono atmosférico, o controle da evapotranspiração e a dispersão das chuvas. Por isso que, atualmente, estamos vendo tanta escassez de água e tanta alteração nas chuvas na América Latina. Com a devastação da Floresta, esse ciclo das chuvas começa a ficar alterado”, explica.

A docente tratou, também, de outros biomas do continente, como o Pantanal, a Mata Atlântica, os Campos Sulinos, a Caatinga, com destaque para o Cerrado. “Segundo maior bioma brasileiro, o Cerrado passa por um problema sério, pois, desde 1950, passou a ser muito procurado pela agricultura e pela pecuária. Com isso, a vegetação nativa foi sendo dizimada. Hoje, só existe um quarto dessa vegetação nativa, ou seja, o Cerrado está mais ameaçado que a própria Amazônia.”

Biopirataria
De acordo com a professora, o termo biopirataria foi lançado por uma ONG, em 1993, para alertar sobre a apropriação de espécies e do conhecimento popular e indígena por empresas multinacionais. “Atualmente, a biopirataria é considerada como o ato de transferir, sem
autorização do país de origem, recursos genéticos - de origem animal ou vegetal - e, também, microrganismos, bem como o conhecimento tradicional que está associado a essa biodiversidade”, completa.

Entre os vários exemplos de biopirataria citados, Elci ressaltou o caso das sementes de seringueira, considerado a mãe das biopiratarias. “Em 1876, o botânico inglês Henry Wickham levou 70 mil sementes de seringueira do Brasil para o Jardim Botânico de Londres. Em seguida, essas mudas foram levadas para as colônias asiáticas, o que quebrou o monopólio da borracha do Brasil. Hoje, as maiores produções de borracha estão na Malásia”.

Proteção

Apenas em 2001, foi criada no Brasil uma legislação (Medida Provisória nº 2186) que resguarda os direitos dos patrimônios genéticos. Conforme o documento, o acesso ao patrimônio genético pode acontecer apenas com autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN).

Biotecnologia

A bioprospecção é uma das áreas da biotecnologia e tem o objetivo básico de descobrir organismos que possam gerar novos produtos. “Todo programa de bioprospecção tem três etapas básicas: inventário e coleta de amostras; preparação de extratos; e determinação das propriedades dos produtos. Dessa forma, a biotecnologia pode servir de várias ferramentas. Podemos usar a engenharia genética, as tecnologias reprodutivas, a bioinformática, entre outras. Tudo isso pode gerar os campos de inovação e a perspectiva de novos conhecimentos”, explica Elci.

Fórum

Nesta quarta-feira (26), o Fórum para a Integração terá como palestrante o assessor de direitos humanos no escritório brasileiro da Anistia Internacional, Maurício Santoro Rocha, que abordará o tema "Da Operação Condor ao Mercosul: integração regional e direitos humanos no Cone Sul da América Latina". O evento será realizado na UNILA Centro, às 19h.

O Fórum Permanente para a Integração da América Latina e Caribe é uma realização do Instituto Mercosul de Estudos Avançados (IMEA-UNILA). Outras informações sobre as atividades, além das fotos e dos áudios completos das conferências já realizadas, podem ser encontradas na páginaunila.edu.br/forum-imea.

Fonte: http://www.unila.edu.br/noticias/forum-para-integracao-7