terça-feira, 16 de julho de 2013

Investimento em fibra ótica é solução para espionagem, diz Samuel Pinheiro Guimarães

Ex-ministro de Lula afirmou que EUA podem ter armazenado informações sobre negociação para compra de aviões da FAB




Um dos principais formuladores da política externa do governo Lula (2003-2010), o ex-ministro e embaixador Samuel Pinheiro Guimarães argumentou nesta terça-feira (16/07)  que o Brasil deveria aumentar os investimentos em fibra ótica para se proteger dos programas de espionagem dos Estados Unidos.

Em entrevista a Opera Mundi em São Bernardo do Campo, onde é realizada a conferência “2003-2010: Uma nova política externa”, na Universidade Federal do ABC, Pinheiro Guimarães disse que a ação norte-americana não é uma novidade, pois é “realizada em alguma medida por satélite desde 1948”.

“É um problema simples para a presidente Dilma resolver. Basta aumentar os recursos do Programa Nacional de Banda Larga, pois a fibra ótica é o único sistema que pode dar privacidade ao país e seus cidadãos. Se tivermos o dinheiro necessário, temos solução. Caso contrário, não”, afirmou. O Programa Nacional da Banda Larga foi criado em maio de 2010 e tem como um dos objetivos "aumentar a autonomia tecnológica e a competitividade brasileiras".

Ao participar da primeira mesa de debates do dia, o ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (2009-2010) e secretário-geral do Itamaraty (2003-2009) deu um exemplo prático do impacto dos planos de espionagem dos Estados Unidos na política brasileira. “Ao interceptar as comunicações entre os líderes civis e militares do Brasil, o governo norte-americano tem informações privilegiadas sobre o que está por trás da compra dos aviões da FAB [Força Aérea Brasileira], que é uma licitação sem importância que envolve ao menos R$ 7 bilhões”, ironizou.  


Desde o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o Brasil analisa a compra de 36 caças para a FAB. Os Estados Unidos disputam a venda das aeronaves com França e Suécia. 


Pinheiro Guimarães também elogiou o repúdio expressado pelo Mercosul à espionagem norte-americana, formalizada na Cúpula de Montevidéu na semana passada. “Há uma tentativa recorrente de criticar o Mercosul e a Unasul [União das Nações Sul-Americanas], mas imagine se o tema fosse discutido na OEA [Organização dos Estados Americanos]. Com certeza seria uma discussão pautada pela pressão dos EUA e que não contemplaria nossos interesses”, analisou.


A conferência na UFABC foi iniciada ontem com a presença do chanceler Antonio Patriota. Além dele, também comparecerão ao campus da universidade em São Bernardo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Defesa, Celso Amorim, o assessor-chefe da Presidência da República Marco Aurélio Garcia, entre outros. 

Via Opera Mundi

Espanha pede desculpas à Bolívia por caso Morales/Snowden

Presidente boliviano foi proibido de pousar na Europa para abastecer, há duas semanas.




O governo espanhol apresentou nesta segunda-feira (15/07) à chancelaria boliviana uma nota para manifestar suas desculpas pelo "incidente" com o avião do presidente Evo Morales, ocorrido há duas semanas. Na ocasião, o presidente da Bolívia foi proibido de pousar na Europa para reabastecer devido à suspeita de que Edward Snowden, ex-agente da CIA, também estivesse no voo.

O documento foi entregue pelo embaixador da Espanha em La Paz, Ángel Vázquez, que lamentou o proceder de seu colega em Viena, Alberto Carnero, a quem Morales acusou de pretender inspecionar seu avião para verificar se com ele viajava Snowden, requerido pelos Estados Unidos por divulgar informação confidencial.

"Lamentamos esse fato, apresentamos nossas desculpas por esse proceder, que não foi adequado e incomodou o presidente", criando uma "situação difícil e imprópria de um chefe de Estado", disse Vázquez em declarações à imprensa após entregar a nota ao vice-chanceler da Bolívia, Juan Carlos Alurralde.

Em seu retorno à Bolívia da Rússia, Morales teve que permanecer mais de 13 horas em Viena porque França e Portugal negaram as permissões para sobrevoar ou aterrissar em seus territórios sob a suspeita que Snowden estava no avião presidencial. O norte-americano está na área de passagem do aeroporto moscovita de Sheremétievo desde o último dia 23 de junho.


A Espanha foi incluída no protesto boliviano pela atuação de Carnero, que indignou a Morales, segundo o próprio líder. Vázquez insistiu hoje que "a Espanha lamenta profundamente" o incidente e expressou que sua nação "deseja que, com estas gestões, se possa dar por liquidado" o tema e as relações com um "país irmão" como a Bolívia sejam as "melhores".


"Espanha e Bolívia têm relações que vão além de qualquer incidência, de qualquer circunstância como a que agora vivemos e espero e tenho certeza que as autoridades bolivianas entendem do mesmo modo", acrescentou.

Vázquez ressaltou que a Espanha reconhece e respeita "os princípios do direito internacional que protegem a inviolabilidade dos chefes de Estado e dos aviões nos quais se deslocam" e expressou sua confiança em que situações como as que viveu Morales não se repetirão no futuro.

O bloqueio ao avião de Morales foi condenado por organismos regionais como Mercosul, Unasul (União de Nações Sul-Americanas), e OEA (Organização dos Estados Americanos), que reivindicaram aos países europeus envolvidos explicações e desculpas pelo incidente.

(*) com Agência Efe

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Morales: proibição de voo sobre países europeus responde a uma "política imperial"

Presidente boliviano ressaltou no aeroporto de Viena que "não nos deixaremos ser intimidados, esse é o tempo dos povos"

O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quarta-feira (03/07) que a proibição de voo em terras europeias responde a uma "política imperial que busca amedrontar e ameaçar a todos os países e governos que pensam diferente e não se rendem a interesses hegemônicos". No aeroporto de Viena, pouco antes de embarcar rumo a La Paz após escala forçada na Áustria, Morales ressaltou que "não nos deixaremos ser intimidados, esse é o tempo dos povos".
Morales negou “qualquer conduta irregular” da aeronave presidencial, que vinha da Rússia e foi desviada para a Áustria, devido a suspeitas dos governos da França e de Portugal de que o ex-agente estadunidense Edward Snowden estava a bordo. "Não sou um criminoso", disse ele. "Não vão nos assustar. Somos um país pequeno, mas com dignidade", completou.
O presidente boliviano contou que o embaixador espanhol em Viena, Alberto Carnero, esteve no aeroporto e pediu que ele tomasse o café da manhã dentro do avião. “Para ver o avião e, no fundo, querer controlá-lo. Não sou nenhum criminoso para que me controlem o avião", ressaltou o presidente, que no aeroporto, em Viena, reuniu-se com o presidente da Áustria, Heinz Fischer.
Na capital austríaca, o avião não foi revistado, segundo o porta-voz do governo, por não haver razão legal para a ação. Morales regressava de Moscou (Rússia) para La Paz, na Bolívia. Ele participou de uma reunião dos países produtores de gás natural. A Bolívia é um dos 21 países aos quais Snowden pediu asilo político.

Unasul
Morales disse que quer convocar uma reunião de emergência da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), que engloba 12 países inclusive o Brasil, para discutir a proibição dos governos de Portugal e da França ao ingresso do avião boliviano no espaço aéreo dos dois países. Diversos líderes sul-americanos declararam repúdio ao fato e sugeriram a convocação de uma reunião do organismo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Bolívia, David Choquehuanca, disse que aguarda explicações das autoridades europeias. "Não sabemos de onde veio essa informação mal-intencionada, essa enorme mentira. Estamos a averiguar. Portugal e a França têm de nos dar explicações", disse o chanceler.
Choquehuanca disse que foi preparado um plano de voo alternativo, com a notificação do governo da França de proibição da aeronave sobrevoar o seu território. O chanceler confirmou que as autoridades de Portugal e da França suspeitavam de que o ex-agente estava a bordo.
Snowden é acusado de espionagem pelos Estados Unidos e está na Rússia esperando a concessão de asilo político. O ex-agente denunciou que os estadunidenses monitoravam e-mails e ligações telefônicas de cidadãos dentro e fora do país. Há ainda informações que comunicações da União Europeia também foram monitoradas. O estadunidense pediu asilo a 21 países, inclusive ao Brasil.,


Via Opera Mundi