quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dilma acompanha posse do novo presidente do Peru

Dilma chegou à cerimônia acompanhada por presidentes sul-americanos.
À tarde, presidente brasileira participa de reunião da Unasul, em Lima. 

A presidente Dilma Rousseff participou nesta quinta-feira (28) da cerimônia de posse do presidente do Peru, Ollanta Humala. Dilma chegou ao Congresso de La Republica, em Lima, por volta das 12h20 (horário de Brasília), onde assistiu ao discurso de posse do novo presidente do Peru.
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Dilma no Peru (Foto: Pilar Olivares/Reuters)Dilma e presidentes sul-americanos na cerimônia de posse de Ollanta HUmala, em Lima, no Peru (Foto: Pilar Olivares/Reuters)
Na chegada, Dilma Rousseff passou em revista a tropas peruanos, acompanhada de autoridades brasileiras e outros presidentes sul-americanos como José Mujica (Uruguai), Cristina Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia).
Em seu discurso, o presidente Humala reforçou a importância do intercâmbio e da parceria com outras nações da América do Sul. Humala é o primeiro esquerdista no poder no Peru desde 1975, quando ocorreu a queda do general Juan Velasco Alvarado, que chegou ao poder através de um golpe de Estado em 1968.

O novo presidente substitui no cargo o populista de direita Alan García, que não assistiu à cerimônia de posse para evitar vaias, segundo afirmou há alguns dias.
A cerimônia de posse de Humala é a primeira da qual a presidente Dilma participa desde o início do mandato, em janeiro.
A programação de posse inclui um almoço com os chefes de estado na residência oficial de Humala. Ela desembarcou na capital peruana na noite desta quarta (27) para as festividades de de posse do presidente do país Ollanta Humala.
Presidente do Brasil se reúne com outros chefes da estado da Unasul nesta quinta (28), em Lima (Foto: Pilar Olivares/Reuters)Presidente Dilma se reúne com outros chefes da
estado da Unasul nesta quinta (28), em Lima (Foto:
Pilar Olivares/Reuters)
Na tarde desta quinta, Dilma participa da reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Lima, no Peru. A reunião do grupo que reúne 12 países da América do Sul foi marcada para discutir a necessidade de integração da região, diante dos problemas econômicos enfrentados por Estados Unidos e países da União Europeia.
A primeira viagem depois de eleito feita por Ollanta Humala foi para o Brasil, em junho, apenas quatro dias após a eleição. O nacionalista peruano se reuniu com a presidente Dilma, em Brasília, e afirmou que os programas sociais brasileiros são um “modelo” para seu governo.
“É o primeiro país que estamos visitando na condição de presidente eleito, e a mensagem é que o Brasil é sócio estratégico, sócio importante. [...] Reconhecemos que o Brasil é um modelo exitoso que obteve crescimento econômico com estabilidade macroeconômica e inclusão social”, afirmou Humala na ocasião.

Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/07/dilma-acompanha-posse-do-novo-presidente-do-peru.html

 

Mistura de raças do Brasil é catastrófica, escreveu atirador da Noruega

Texto publicado na internet liga mistura de raças a desigualdade social.
Brasil seria exemplo de 'alto nível de corrupção e falta de produtividade'.

 

A política de estabelecer uma mistura de raças europeias, asiáticas e africanas em países como o Brasil se provou “catastrófica” e resultou em altos níveis de corrupção, baixa produtividade e conflitos entre as diferentes culturas.
A teoria sobre o país está numa das páginas do manifesto atribuído a Andrew Behring Breivik, o norueguês de 32 anos que assumiu a autoria dos atentados que mataram ao menos 76 pessoas em Oslo, na última sexta (22).

Para o autor do documento, que tem ligações com a extrema-direita norueguesa, o “Brasil vem se estabelecendo como o segundo país do mundo com o menor nível de igualdade social". O texto não cita qual seria o primeiro.

“Os resultados são evidentes e se manifestam num alto nível de corrupção, falta de produtividade e um eterno conflito entre várias ‘culturas’ competindo, enquanto a miríade de ‘sub-tribos’ criadas (preto, mulato, mestiço, branco) paralisa qualquer esperança de sequer alcançar o mesmo nível de produtividade e igualdade de, por exemplo, Escandinávia, Alemanha, Coreia do Sul e Japão”, diz o texto do terrorista de extrema-direita na página 1.153.

Observando a falta de igualdade social no Brasil e a média de produtividade do brasileiro, continua o texto, “é evidente que uma abordagem similar na Europa seria devastadora e um atraso para as nações (...)”.
Intitulado “A European Delaration of Independence - 2083" (Uma declaração de Independência Europeia - 2083), o manifesto, que leva a assinatura "Andrew Berwick" na capa, foi publicado na internet apenas horas antes do massacre no país. Com várias referências históricas, o manifesto inclui numerosos detalhes da personalidade do agressor, seu modus operandi para fabricar bombas e seu treinamento de tiro, além de um minucioso diário dos três meses que precederam o ataque.

As afirmações que relacionam raça e produtividades estão no trecho em que o autor trata das “razões por trás da oposição conservador à mistura de raças e adoção de não-europeus”. Em outro trecho, na página 1.161, o texto volta a citar o Brasil como exemplo de desigualdade social.

“(...) Um país que tem culturas que competem entre si vai acabar se dividindo internamente ou, a longo prazo, vai terminar como um lugar permanentemente disfuncional como o Brasil e outros países semelhantes”, diz. “Quando você acrescenta o Islã a esta mistura, o pior cenário muda de um país disfuncional para o fracasso total; a sharia [lei islâmica] e disputa entre povos”.

Acidente em GoiâniaHá pelo menos 12 referências aos termos “Brasil” ou “brasileiro” no documento, nem todas com o mesmo teor. No trecho em que trata sobre a fabricação de bombas, o autor cita o acidente radioativo com o césio 137 em Goiânia, que deixou centenas de mortos em 1987. “Seja extremamente cuidadoso quando lidar com material radiológico”, alerta na página 1.060.

Na página 1.287, o texto cita o Brasil em meio a países que se tornaram independentes com “golpes de estado sem sangue”. “Em 1889, o Brasil se tornou uma república via um golpe de estado sem sangue.” Em outra menção, o país está numa lista de nações que sofreram intervenções dos Estados Unidos. A anotação cita o ano de 1964 ao lado de “Acesso do comunismo a recursos e trabalhadores pobres”.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/07/mistura-de-racas-do-brasil-e-catastrofica-diz-texto-de-atirador-da-noruega.html

Atirador norueguês vê ‘bastardização’ do Brasil como risco à Europa.

Anders Breivik | Foto: Reprodução
Igor Natusch
Em um manifesto publicado na internet, o terrorista norueguês Anders Behring Breivik usa o Brasil para justificar os ataques que mataram 76 pessoas na Noruega na última sexta-feira (22). Trechos do documento de cerca de 1600 páginas, no qual constam informações sobre a ideologia de Breivik e os preparativos para os ataques, retratam o Brasil como um exemplo do que poderia acontecer na Europa caso não fosse evitado o “genocídio das tribos nórdicas” por meio da “diluição” de seu genótipo em outras etnias. Para o terrorista, o Brasil vive uma “revolução marxista” e sofreu um processo de “bastardização”.

“A alternativa é um modelo de bastardização continuada, muito similar ao modelo brasileiro”, diz Breivik em seu manifesto, batizado “2086 – Uma declaração europeia de independência”. Segundo ele, a mescla de europeus, africanos e asiáticos em nosso país seria “devida à Revolução Marxista brasileira”, que facilitou a “mescla de raças generalizada” em nosso país. “Os resultados foram catastróficos”, escreve o terrorista.
Segundo ele, o grau de coesão social do Brasil é “baixíssimo”, ocasionando corrupção, baixa produtividade e eterna competição entre as diferentes culturas e “sub-tribos” como mulatos e mestiços. “Não há nenhuma esperança de alcançarem o mesmo nível de produtividade e harmonia da Escandinávia, Alemanha, Coreia do Sul ou Japão”, conclui. Em outro momento, o documento defende que “culturas conflitantes” prejudicam a “unidade da tribo”, criando países “permanentemente disfuncionais” como o Brasil.
O Brasil é citado em outros trechos do documento, constantemente atualizado na web e que recebeu os últimos acréscimos cerca de duas horas antes dos ataques. Em dado momento, explicando sobre os “riscos na manipulação de material radioativo”, ele adverte que os “cavaleiros da justiça” (termo que usava para referir-se aos que deveriam combater a influência islâmica e comunista) devem ser cautelosos, dando como exemplo o incidente envolvendo Césio-127 em Goiânia, em 1987.
Anders Behring Breivik foi preso na sexta-feira após atirar sobre mais de 100 pessoas em um acampamento do Partido Trabalhista em Utoya, na Noruega. Segundo o último levantamento da polícia norueguesa, 68 pessoas foram mortas na ilha, a maior parte adolescentes. Outras oito pessoas foram mortas na explosão de um carro-bomba na frente da sede do governo norueguês, ocorrida cerca de uma hora e meia antes do ataque em Utoya.
Segundo autoridades norueguesas, Breivik – que assina o documento sob o pseudônimo Andrew Berwick – é um islamófobo e anticomunista. Os ataques teriam sido perpetrado para impedir a continuidade do governo do trabalhista Jens Stoltenberg e convocar a Europa a lutar contra a invasão islâmica e o multiculturalismo. O terrorista compareceu na manhã desta segunda diante da Corte norueguesa, que o acusou formalmente de atos terroristas e determinou prisão preventiva de oito semanas.

Fonte: http://sul21.com.br/jornal/2011/07/terrorista-noruegues-ve-bastardizacao-do-brasil-como-risco-a-europa/

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Derrota dos EUA: vitória de Humala desfaz Aliança do Pacífico

Os EUA procuraram contrariar o programa do Brasil de construção de estruturas regionais como a Unasul e o Mercosul, criando a Aliança do Pacífico do México, da Colômbia, do Chile e do Peru, baseada em acordos de livre-comércio. Além disso, a Colômbia, o Peru, e o Chile promoveram um projecto de criação de uma bolsa de valores integrada. E as forças armadas do Peru ligaram-se ativamente ao Comando Sul do Exército dos EUA. Com a eleição de Humala, a contra-ofensiva geopolítica dos EUA, a Aliança do Pacífico, está desfeita. O artigo é de Immanuel Wallerstein.


Ollanta Humala foi eleito presidente do Peru em 5 de junho de 2011. O único verdadeiro derrotado nestas eleições foram os Estados Unidos, cuja embaixadora, Rose Likins, mal conseguiu disfarçar o fato de ter feito campanha pela adversária de Humala no segundo turno, Keiko Fujimori. Que estava em jogo nestas cruciais eleições latino-americanas?

O Peru é um país-chave na geopolítica da América do Sul por várias razões: o seu tamanho, o seu legado do império Inca, a sua localização como uma das fontes do Rio Amazonas, os seus portos no Oceano Pacífico, e a sua história recente como o palco de uma importante luta entre forças nacionalistas e elites pró-americanas.

Em 1924, Vitor Raúl Haya de la Torre, um intelectual peruano e marxista – de um marxismo bastante heterodoxo - fundou a Aliança Revolucionária Popular Americana (APRA), com a intenção de a tornar numa organização anti-imperialista pan-americana. A APRA floresceu no Peru, apesar de ter sido severamente reprimida. O que a APRA tinha de original, e diferente da maior parte dos movimentos de esquerda nas Américas, era a sua compreensão de que a maioria do campesinato do Peru era composta de povos indígenas de fala quechua que tinham sido sistematicamente excluídos da participação política e dos direitos culturais. Depois de 1945, a APRA começou a perder um pouco do seu viés radical, mas manteve uma base popular forte. Só a morte de Haya de la Torre evitou a sua eleição como presidente em 1980.

Os governos de Peru permaneceram em mãos conservadoras até 1968, quando escândalos motivados pelos contratos de petróleo foram a faísca de um golpe militar desferido por oficiais nacionalistas dirigidos pelo General Juan Velasco Alvarado. Eles apoderaram-se do poder e instauraram um Governo Revolucionário das Forças Armadas.

O governo Velasco nacionalizou as jazidas de petróleo e múltiplos outros setores da economia. Investiu pesadamente na educação. Mais do que isso, tornou-a bilingue, elevando o quechua a um estatuto de igualdade com o castelhano. O governo lançou programas de reforma agrária e de industrialização para substituir as importações.

A sua política externa virou acentuadamente à esquerda. O Peru cultivou boas relações com Cuba e comprou equipamento militar à União Soviética. Depois de Pinochet derrubar o governo Allende no Chile em 1973, as relações entre o Peru e o Chile tornaram-se tensas. Falou-se mesmo de guerra, até que, em 1975, Velasco Alvarado foi deposto por forças militares conservadoras. E o Peru pôs assim fim ao seu período de sete anos de nacionalismo liderado por militares, com um programa socioeconómico de esquerda.

Quando Alan García, como líder da APRA, foi eleito presidente em 1985, retomou brevemente a tradição de esquerda propondo uma moratória na dívida externa. Mas este esforço foi bloqueado, e logo García virou à direita e abraçou o neoliberalismo. O Peru nesta época enfrentou várias insurreições, a mais famosa das quais foi a do Sendero Luminoso, que tinha a sua base nas regiões andinas dos camponeses Quechua e Aymara.

Nas eleições de 1990, um então já muito impopular García enfrentou o famoso escritor, pensador conservador e aristocrata Mario Vargas Llosa, que se candidatou apresentando uma plataforma económica puramente neoliberal. Inesperadamente, um peruano pouco conhecido de origem japonesa, Alberto Fujimori, derrotou as outras duas alternativas. A força de Fujimori derivava em grande parte da rejeição por parte do eleitorado do estilo aristocrático de Vargas Llosa.

Fujimori revelou um estilo duro e ditatorial, e usou com sucesso o exército para esmagar o Sendero Luminoso, assim como grupos insurreccionais urbanos. Para garantir o poder, Fujimori não hesitou em fechar o Congresso, interferir no poder judiciário, e ampliar o seu segundo mandato. Mas o elevado grau de corrupção e de poder arbitrário levaram ao seu derrube. Fujimori fugiu para o Japão. Mais tarde foi extraditado do Chile, julgado pelos seus crimes num tribunal peruano, e condenado a uma longa pena de prisão.

O seu sucessor em 2001, Alejandro Toledo, deu continuidade ao programa neoliberal. E, em 2006, Alan García candidatou-se novamente à Presidência. Enfrentou um ex-oficial militar, Ollanta Humala, que foi abertamente apoiado por Hugo Chávez, um apoio que prejudicou as suas perspectivas, bem como os ataques que sofreu à sua prática como oficial de exército no que dizia respeito aos direitos humanos. García ganhou, e prosseguiu e ampliou a via neoliberal. A economia floresceu devido ao boom mundial de exportações de energia e de minérios. Mas a massa da população ficou alheia aos benefícios. Tipicamente, o governo permitiu que corporações transnacionais se apoderassem de terras na região amazônica para explorar os seus recursos minerais. Os movimentos indígenas resistiram, e ocorreu um massacre em Junho de 2009, chamado o Baguazo.

Foi neste último período que o Peru se tornou o centro de duas disputas geopolíticas. Uma foi entre o Brasil e os Estados Unidos. Sob a presidência de Lula, o Brasil lutara com êxito considerável para promover a autonomia sul-americana, através da construção de estruturas regionais como a UNASUL e o Mercosul. Os Estados Unidos procuraram contrariar o programa do Brasil criando a Aliança do Pacífico do México, da Colômbia, do Chile e do Peru, baseada em acordos de livre-comércio com os Estados Unidos. Além disso, a Colômbia, o Peru, e o Chile promoveram um projecto de criação de uma bolsa de valores integrada, cuja sigla em espanhol é MILA. E as forças armadas do Peru ligaram-se ativamente ao Comando Sul do Exército dos Estados Unidos.

A segunda disputa geopolítica foi entre a China e os Estados Unidos na busca de obter acesso privilegiado aos minérios e aos recursos energéticos da América do Sul. O Peru mais uma vez foi um país-chave.

Houve três fatores que levaram à vitória de Humala nestas eleições de 2011. Por um lado, Humala virou-se aberta e publicamente para uma via social-democrata à brasileira. Não fez qualquer menção a Chávez. Humala encontrou-se muitas vezes com Lula e falou de o Peru se tornar "um parceiro estratégico" do Mercosul.

O segundo fator decisivo foi o apoio muito forte que recebeu de Vargas Llosa. O aristocrata conservador disse que para o Peru seria uma catástrofe eleger a filha de Fujimori, que libertaria o pai da prisão e daria continuidade aos seus métodos pouco recomendáveis. Vargas Llosa provocou uma séria divisão nas forças conservadoras.

O terceiro fator foi a atitude da esquerda peruana, que há muito tempo tinha reservas em relação a Humala. Como Oscar Ugarteche, um importante intelectual, escreveu para agência de imprensa latino-americana Alai-AmLatina, "para todos, Humala é uma interrogação, mas Fujimori é uma certeza."

Ugarteche resumiu a eleição dizendo que "o que é mais significativo, contudo, é o regresso do Peru à América do Sul." Veremos até que ponto Humala será capaz de chegar em termos de redistribuição de rendimentos e de restauração dos direitos da maioria indígena. Mas a contra-ofensiva geopolítica dos Estados Unidos, a Aliança do Pacífico, está desfeita.