sábado, 5 de novembro de 2011

Antropólogo, Alfonso Cano se transformou em ideólogo das Farc

Ele assumiu a chefia rebelde em março de 2008 após a morte de 'Tirofijo'.

Cano era procurado por rebelião, terrorismo, homicídio e sequestro.



Alfonso Cano, um antropólogo que se destacou na época estudantil por seu compromisso social, acabou seus dias considerado como o maior ideólogo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e encurralado nas selvas do sudoeste colombiano por permanentes bombardeios. Ele tinha 63 anos.
Guillermo León Sáenz, seu nome real, se pôs à frente das Farc em março de 2008 após a morte, por uma suposta deonça cardíaca, de Manuel Marulanda Vélez ou "Tirofijo", chefe histórico e fundador desse grupo rebelde.
Alfonso Cano durante entrevista à Reuters em abril de 2000 (Foto: Reuters)Alfonso Cano durante entrevista à Reuters em abril de 2000 (Foto: Reuters)
O Ministério da Defesa confirmou nesta sexta-feira (4) que Sáenz morreu em um bombardeio entre os departamentos de Cauca e Valle del Cauca.
 E é que desde o momento em que Rodrigo Londoño, conhecido como "Timochenko", um dos integrantes do secretariado geral da guerrilha mais antiga da Colômbia, anunciou a morte de "Tirofijo" e conseguinte designação de Cano, as autoridades começaram a insistir em que o novo chefe estava rodeado.
Inclusive, ele foi objeto de numerosos rumores que afirmavam que tinha sido abatido no meio de ações militares.
Cano nasceu em 22 de julho de 1948 em Bogotá no seio de uma família de classe média-alta, estudou antropologia na Universidade Nacional da capital colombiana e, até 2008, foi o chefe político do Bloco Ocidental e integrante do Secretariado (chefia máxima) das Farc.
Antes de ingressar nas filas da guerrilha, pertenceu ao Partido Comunista Colombiano como comissário político.

Desde o ano de 2000 era o responsável do Movimento Bolivariano da Nova Colômbia, um projeto político desta guerrilha, a maior da Colômbia e a mais antiga da América.
Alfonso Cano, de barba muito espessa e sempre com óculos redondos, tinha antes de sua morte 226 ordens de captura e uma circular vermelha da Polícia Internacional (Interpol) por rebelião, terrorismo, homicídio e sequestro.
Intransigente e convencido da inutilidade das negociações, representou às Farc nos diálogos frustrados com o governo do hoje ex-presidente colombiano César Gaviria (1990-1994), em Caracas, e na localidade mexicana de Tlaxcala, em 1991 e 1992.
Com mais de 30 anos de militância, Cano era considerado um dos ideólogos-chave das Farc, guerrilha que nasceu em 1964 como defensora dos direitos dos camponeses e que ao longo de sua história foi se transformando em um grupo opressor que sequestrou dezenas de pessoas.

Fonte: G1