segunda-feira, 24 de junho de 2013



'Tu fala por ti?' ou, 'Quem fala por ti?'


Todos os telejornais estão 'informando' que as pessoas estão indo para rua principalmente contra a corrupção e contra a PEC 37. Isso sinceramente me parece muito estranho, porque isso não é uma pauta de reivindicação, isso é uma 'não-pauta', não se propõe nada a partir disso, me explico:


Contra a corrupção todos são, ou pelo menos dizem que são, mas a conversa ao que parece fica por ai, em um tom generalizante, hostilizando principalmente tudo que é público, rejeitando a política de uma forma geral e de maneira discricionária. Eu continuo perguntando qual a pauta? A presidente veio à publico propondo a Lei de Acesso à informação (que o executivo nacional já vem praticando), estendido a todos os poderes da república e entes federados, além de uma ampla Reforma Política que preveja maior participação e controle cidadão. Agora, ou as pessoas endossam essa pauta e pressionam o congresso pela aprovação, ou rejeitam requerendo uma outra fórmula.

Quanto a essa tal de PEC 37, eu dei uma olhada na proposta e se entendi bem (até porque esse juridiquês não é fácil) me parece o seguinte: ela impede que o mesmo órgão que te acusa judicialmente, seja o mesmo que te investigou. A bem da verdade não me parece nenhum disparate constitucional (a tal da PEC 99/11 sim, me parece um total absurdo!), mas confesso, não tenho opinião formada, até porque acho que isso exigiria um debate mais profundo em termos de direitos civis. O que me incomoda é todo mundo ir para rua com um placa dizendo 'Não a PEC 37'. Eu não consigo construir uma opinião sólida sobre isso, e não entendo como tantas pessoas 'construíram' uma opinião tão rápido. A OAB, se não me engano, se posicionou favoravelmente, entretanto alguns constitucionalistas se posicionaram contrários. Mas o que mais tenho visto são as principais revistas, jornais e televisões batendo nessa tecla, além de comentários de 'formadores de opinião' como o imortal Merval Pereira e o Arnaldo Jabor, o que para mim, vale tanto quanto a opinião do Pelé e do Ronaldo.

Até agora isso tudo tá me parecendo mais uma campanha que a UDN e a mídia faziam a 50, 60 anos atrás, do que realmente um revolta popular de cunho democrático, progressista e apontando para o futuro. Tem saída? Acho que ainda tem, mas é preciso ultrapassar essa cortina de fumaça que tentam dispersar nas ruas.